Compare Preços

BuscaPé, líder em comparação de preços na América Latina

Compare Preços

Anúncio provido pelo BuscaPé

17 de fev. de 2009

Redes sociais podem criar e desfazer amizades

Uma pessoa poderia ir à loucura tentando precisar o momento em que perdeu um amigo. Além disso, raramente esse amigo deixa claro o que sente enviando um alerta de e-mail.



Não é apenas um fato da vida, mas também uma política do Facebook. Embora muitas ações triviais façam o Facebook enviar um alerta a todos os seus amigos - colocar uma nova foto, mudar seu status de relacionamento, usar o Fandango para a compra de ingressos de Paul Blart: Mall Cop - deletar alguém de sua lista não é uma delas.

Foi essa política que o Burger King desrespeitou neste mês com sua campanha "Whopper Sacrifice," que oferecia um hambúrguer de graça a qualquer um que cortasse os laços sagrados de amizade com 10 de seus contatos no Facebook. O site suspendeu o programa porque o Burger King estava enviando notificações aos excluídos, informando-lhes que haviam sido deletados por um sanduíche (ou, mais precisamente, um décimo de sanduíche).

A campanha, que provocou o fim de 234 mil amizades, já é passado - o Burger King decidiu encerrá-la em vez de fazer as modificações necessárias para se adequar à política do Facebook - mas o mesmo não pode ser dito da ansiedade que isso causou. À medida que redes sociais se tornam onipresentes, as pessoas agarradas à etiqueta social são aturdidas por questões a respeito da "remoção de amigos": como e quando fazê-la, e como se livrar disso silenciosamente.

"Se alguém com mais de mil amigos me deleta, fico ofendido," disse Greg Atwan, autor do livro The Facebook Book, um guia satírico. "Mas se for alguém com apenas 100 amigos, você entende que ele está tentando se limitar às pessoas íntimas."

Atwan, que se formou recentemente pela Harvard (onde o Facebook começou), recomenda revisar sua lista de amigos uma vez por ano para remover completos estranhos e outros encostos. Manter um número reduzido de amigos dá a você mais liberdade para ser seletivo sobre quem aceita para início de conversa, ele disse.

Claro, nem todas as exclusões de amigos são iguais. Parece haver diversas variedades, que vão do completamente impessoal ao absolutamente vingativo. Primeiro, ocorre a filtragem simples do rebanho, removendo aquele universitário que você conheceu em uma festa há dois anos e com quem nunca falou desde então, ou aquele garoto do colégio do qual você mal se lembra.

Essas foram as pessoas que Steven Schiff, assistente de notícias do Vault.com, um website de serviços de carreira, sacrificou para conseguir seu Whopper.

"Percebi que havia um bocado de pessoas na minha lista com as quais nunca cheguei a conversar, muito menos ser amigo íntimo," ele disse por telefone.

Schiff, 25, disse que sentiu apenas uma culpa leve ao eliminar as pessoas. Embora não tenha sentido a necessidade de escrever individualmente a elas para se explicar, ele usou seu blog pessoal para se dirigir aos excluídos em conjunto.

"Sejamos honestos, amigo questionável do Facebook," ele escreveu. "Mantive você todo esse tempo porque me sentiria mal se você descobrisse que foi cortado. Mas é que, bem, até agora ninguém havia oferecido um Whopper em troca dos seus sentimentos."

Esse era o tipo de sentimento que o Burger King e sua agência de publicidade, Crispin Porter & Bogusky, tinham a intenção de provocar quando organizaram a campanha. O próprio Burger King decidiu falar para este artigo no lugar de sua agência, e delegou a tarefa a Brian Gies, vice-presidente de marketing que disse que não era membro do Facebook e, portanto, não havia participado do "Whopper Sacrifice."

Gies explicou a opinião da equipe de marketing sobre o Facebook. "Para nós, parecia que ele rapidamente tinha passado de qualidade para quantidade de amigos," ele disse, "algo interessante para nós porque era como se a definição virtual de amigo tivesse se tornado diferente da de amigos com quem você gosta de estar junto."

A partir daí, Gies disse, a equipe começou a se perguntar: "você realmente quer que todas essas pessoas saibam sobre seus afazeres e interesses? Queríamos ser parte da conversa e parte da solução, e foi então que o 'Whopper Sacrifice' nasceu."

O Facebook, que hoje tem mais de 150 milhões de membros, claramente foi construído na traseira da cultura do compartilhamento excessivo. Muitos membros transmitem os detalhes mundanos de suas vidas através de uma "atualização de status," que deixa as pessoas - não, as incentiva - a descrever o que comeram no almoço ou a virulência de sua bronquite.

Mesmo nesse ambiente, no entanto, deletar amigos não gera uma notificação de qualquer tipo, deixando os membros descobrirem que foram excluídos apenas quando percebem que não têm mais acesso ao perfil de alguém. Pode ser uma experiência desagradável, especialmente quando a pessoa que o excluiu foi alguém que no passado pediu para ser seu amigo ou aceitou seu pedido (no Facebook, é assim que amigos são feitos). Mas os membros entendem que essa discrição seletiva é crucial para o ecossistema da rede social.

"Acreditamos que as relações mudam e os usuários devem ser capazes de ter uma lista de amigos que respeite essas mudanças sem a pressão de uma notificação pública," Barker disse.

Além disso, o Facebook também não se importa em ser a parte que executa a exclusão punitiva, banindo alguém de sua rede social pela violação de uma ou mais de suas regras pessoais de conduta. Talvez alguém o tenha irritado com a postagem de um número excessivo de atualizações de status, ou se expressado de uma forma que você considera desagradável?

Essas foram as desculpas que Ehren S., uma antiga colega de trabalho em uma mina que aparentemente me excluiu em algum momento da última primavera americana, ofereceu recentemente por me dar um adeus digital.

"Acho que foi uma atualização passivo-agressiva sua que me fez lamentar, balançar a cabeça e apertar 'deletar amigos,'" ela confessou por e-mail. "Considero a negatividade algo cansativo e não tenho paciência para isso."

Está bem, então. Embora me desculpe por observar que Ehren, que pediu para eu não usar seu nome completo, inicialmente tentou se livrar do constrangimento dizendo que tinha feito aquilo por um Whopper.

Na semana passada, a questão do decoro de amizades passou a atormentar tanto Henry Blodget, ex-analista de títulos cuja demissão estrondosa da Merrill Lynch o ajudou a partir para uma carreira de blogueiro, que ele publicamente implorou por uma solução ao Facebook. Aparentemente, ser banido do setor de títulos não impede que alguém seja inundado com pedidos de amizade de completos estranhos.

"Pensei ocasionalmente em tentar resolver o problema deletando todos que não eram meus amigos de verdade, mas é algo horrível demais para se cogitar," Blodget escreveu em seu website, Silicon Alley Insider, no domingo. "Não sei como suportaria o Facebook me enviando e-mails e avisando que pessoas que nem conheço estavam me deletando."

Blodget pediu ao Facebook que desenvolvesse novos níveis de amizade que permitiriam que os usuários dividissem os conhecidos por grau de separação. Ele sugeriu categorias como 'amigos pessoais' ou 'amigos do trabalho' ou 'amigos extra-especiais' ou 'melhores amigos' ou 'amigos dos quais você quer ouvir bobagens insignificantes o dia inteiro,'" e implorou, "por favor, deixe eu colocar meus amigos nesses grupos sem contar a eles que fiz isso."

No Facebook, como na vida, nenhuma exclusão de amigo é tão repleta de armadilhas quanto aquela sincera. Rachel Heavers, dona-de-casa de Arlington, Virgínia, descobriu isso quando deletou, num acesso de raiva, uma amiga da vida inteira, "Marie," em dezembro durante o que ela descreveu como "um momento hormonal."

"Nossos primeiros filhos nasceram com dois meses de diferença, e estamos grávidas dos segundos, que deverão nascer com três dias de diferença," ela disse.

As duas tiveram uma desavença em dezembro, depois que Marie (seu nome do meio) insistiu que a filha de Heavers tinha engolido um de seus brincos (não tinha). As amigas acabaram discutindo no pronto-socorro e posteriormente concordaram em dar um tempo na amizade.

Heavers logo se cansou de ver Marie no Facebook. Durante um momento emotivo tarde da noite, ela clicou no botão "remover", achando que nunca falaria com Marie de novo.

"Agora me arrependo muito," disse Heavers, que está começando a se reconciliar com Marie, mas com medo de mandar um novo convite de amizade no Facebook: "não tenho certeza se ela sequer notou que eu a deletei."